Num programa de
perguntas e respostas da televisão, uma jovem formada em gestão não conseguiu
responder à pergunta sobre quem tinha escrito a célebre obra “A riqueza das
Nações”. Não gostava de economia,
disse em sua defesa. Temos assim o caso peculiar de uma gestora que detesta
economia.
De facto, gostar de
economia implica ler, uma maçada. Já a gestão, bastam duas colunas para o deve
e o haver.
Depois ler faz pensar,
outra maçada. E é preciso bibliotecas que ficam vazias, porque o hábito
necessita de uma, duas ou mais gerações, tal e qual um campo semeado que
precisa de quatro estações antes da ceifa, e gasta-se muito dinheiro enquanto não
se vêm os resultados. Mas se não semear não haverá ceifa.
Pensar para quê? O que é
preciso é fazer coisas, como a gestão. A mão de obra fica barata e assim os
investidores dos países com bibliotecas vêm cá abrir as suas fábricas e dar
emprego a toda a gente.
Tão simples como isso:
os que têm bibliotecas fazem as fábricas, os outros sujeitam-se ao ordenado que
lhes quiserem pagar. É tudo uma questão de gestão e escusamos de cansar a vista
lendo o que escreveram o Locke, o Adam, a Rosa e o Marx. Economia? Uma maçada.
É preferível continuarmos a viver no país do “Sei Lá”.
Um dos países que tem
muitas bibliotecas é a Alemanha. Um dos seus reis, Frederico II da Prússia, era
um amante das artes, da música, e dos livros e sabia falar português.
Transformou a Alemanha numa das maiores potências da Europa. Uma maçada!
Estamos assim no país do
“Sei Lá”, um livro e um filme de sucesso. Uma visão do mundo de quem não gosta
de maçadas, que fala das relações dos homens com as mulheres, assim de uma
maneira mais gira e mais sei lá, do que o Homero. Uma questão de gosto, dizem.
É dinheiro a entrar em caixa rapidamente: uma alegria para os gestores “sei
lá”.
Mas Homero é como o
trigo: tem semente. Por isso a cultura vem de cultivar. Exige esforço e
dedicação, até que se produza e se consiga transformar o meio onde vivemos.
Satisfazer pelo gosto pode engordar mas não ensina a mudar.
O senhor da foto que lê
um livro? De calças rasgadas e o cão ao colo, mais preocupado como o ser do que
o ter? Theodore Roosevelt. Um dos
grandes presidentes dos EUA, com direito a ter a efígie gravada na pedra do
monte de Rushmore. Outra maçada!
Antes que fechem as
bibliotecas vazias, corram a saber quem foi que escreveu o tal livro “A riqueza
das Nações” e depois continuem alegremente vivendo no país do “Sei Lá”.
Foto
roubada daqui:
http://punditfromanotherplanet.com/2013/11/03/paradox-of-the-book-the-chaos-of-the-internet-makes-reading-easier/
Ora viva! Costumo dizer que quando os utentes das bibliotecas deste País forem pelo menos metade dos frequentadores dos estádios de futebol então sim, Portugal será um país rico e evoluido. Um abraço.
ResponderEliminarPelo menos temos de garantir o acesso ao conhecimento a todos. A Alemanha e a Inglaterra são países onde levam a cultura mas também o desporto muito a sério. Quer a cultura quer o desporto são factores de liberdade.
EliminarConcordo em número, género e grau! Esquecem-se que a bola não dá comida, só aos q a jogam, e q é nas letras e conhecimento q reside a base de uma sociedade evoluída! É pena...
EliminarSó que os Alemães, os Ingleses, os franceses, os italianos, os Holandeses e os Espanhóis, também enchem estádio mas também enchem museus e bibliotecas, não há uma correlação negativa entre o futebol e a cultura e os países a maioria dos países onde o futebol é desenvolvido, também a cultura e a investigação são áreas muito desenvolvidas. Eu não diria que Portugal seria um país rico e evoluído os frequentadores das bibliotecas forem pelo menos metade dos frequentadores dos estádios de futebol, diria antes que Portugal seria um país rico e evoluído quando pelo menos metade dos deputados e dos governantes sejam pessoas intelectualmente evoluídas, cultas e com sentido critico.
ResponderEliminarPlenamente de acordo, Rui.
EliminarSejam muito bem vindos a comentar, Rui e Afonso Jorge. Quer para concordar quer para discordar. É batendo com as pedras umas contra as outras que se faz saltar a chispa que nos alumia.
ResponderEliminarPara os gestores do sei lá uma biblioteca deverá estar fechada aos sábados e aos domingos, ou seja, aberta no horário laboral dos potenciais utilizadores; é uma óptima opção porque tem toda a lógica...
ResponderEliminarUma biblioteca é um armazém de livros onde não se deve promover a cultura, o conhecimento e a sabedoria. A ignorância é a arma de um povo que não valoriza aquilo que tem, prendendo-se a um passado que não regressa e cultivando o ditado "a galinha da vizinha é melhor do que a minha"...
ResponderEliminarÉ assim que sobrevivemos...
De facto!
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