A semana que passou foi pródiga em incompetência.
Podemos mesmo dizer que assistimos a um autêntico festival de como não se deve
fazer.
Começo pelo caso mais recente, quando todos
pudemos assistir na pantalha ao dislate de um eminente presidente de um
conselho de ética. Não querendo dizer o que disse, acabou a dizer aquilo que,
infelizmente, todos já sabemos: que não é possível todos terem acesso a tudo em
termos de saúde. O que se esperaria de um responsável por lições de ética é que
dissesse que temos de fazer com que seja possível que todos tenham acesso a
tudo em termos de saúde, cabendo depois aos vários intervenientes a escolha do
mais adequado acesso. Foi incompetente.
Também
pela televisão que nos invade a casa diariamente pudemos assistir a um mau
filme de série B. Um jovem estudante de um instituto onde se ensina, ou devia
ensinar, ciências sociais e políticas, no átrio desse instituto, assobiou e
titubeou um acinte à passagem do primeiro ministro, não com o objectivo de o
insultar, mas tão só para impressionar duas ou três estudantes que por ali
deambulavam. O chefe da segurança do governante, pago com o dinheiro de todos
nós, não teve a competência necessária para avaliar que o assobio e o titubeio não
representavam qualquer perigo para a segurança do homem a quem devia proteger.
Vai daí, abandona o exercício dessa segurança, e, numa tentativa de
impressionar as meninas da casa dos
segredos, atira-se ao jovem e aos jornalistas que o filmavam, qual rambo
hollywodesco, esquecendo-se do sítio onde estava e do homem a quem devia
proteger, pondo em perigo quer o físico quer a imagem do dito. De ora avante,
qualquer terrorista competente ficou a saber que lhe basta provocar uma
distracção para que o governante de todos nós fique à mercê dos seus actos,
porque o chefe da sua segurança traz ao peito o nome: INCOMPETENTE.
Quanto
a um estudante de ciências sociais e políticas esperar-se-ia que devesse saber
como organizar uma arruaça, e que as meninas de hoje já não se impressionam com
assobios. Devia também saber que dentro do átrio de uma universidade o
estudante tem imunidade perante as forças policiais e que um segurança só tem
autoridade para defender o seu chefe e não para atacar, pelo que lhe competia
ter recusado acompanhar o polícia com palmadinhas nas costas, devendo até provocar para
que este lhe desse umas duas ou três bastonadas, para aumento do prestígio aos
olhos do belo sexo. Um estudante e um polícia, nestas alturas, devem
comportar-se como o cão e o gato, raios. E os estudantes de uma escola, mesmo
que simpatizantes do governante e da sua segurança, devem, em nome da
competente solidariedade estudantil, defender um colega, senão camarada, da
repressão policial, e esquecer por uns momentos as mensagens do telemóvel.
Aos
directores dos repórteres assaltados competia mostrar o fo…, perdão, a cara do
incompetente segurança, visto que não tem direito à privacidade num lugar
público exercendo funções públicas. Ao não mostrarem, foram incompetentes.
Estudantes, segurança e jornalistas, uma mão cheia de incompetentes.
Espero
agora que o senhor primeiro-ministro seja suficientemente competente para
demitir o homem que tão incompetentemente pôs em causa a sua segurança e a sua
imagem.
Ao
senhor reitor da universidade insultada espera-se a competência necessária para
apresentar um protesto, demitindo-se se não for atendido. É que no tempo do
fascismo, um reitor fascista teve a decência e a competência para se demitir
por causa de uma carga policial dentro do recinto universitário. Que o fascismo
não dê lições de competência à democracia é o mínimo que devemos esperar.