(Hoje
morreu um filho no ventre de sua mãe!)
“Nesta
eleição há vencedores e derrotados. Venceram os que acreditam em Portugal e têm
coragem da esperança, os que fizeram campanha a pensar nos portugueses. São
vencidos os que preferem a mentira e as calúnias ao debate de ideias.”
Esta é
uma das frases finais do discurso de vitória de Cavaco Silva nas presidenciais
de 2011. Não obstante ter, na altura, ficado satisfeito com o resultado, este
discurso incomodou-me de sobremaneira. O rancor que dele transpira está bem
patente naquela frase em que Cavaco considera que ganhou não porque tivesse
melhores ideias para o país, mas porque os seus opositores eram todos maus
caracteres, e ele ficava acima de tudo e todos, qual flor de lótus na imundície
de um pântano.
(Mas
hoje morreu um filho no ventre de sua mãe!)
Cavaco
Silva viu, durante o seu mandato, caírem nas malhas da Justiça, amigos e correlegionários, sem que antes tivesse desconfiado do que quer que fosse,
chegando mesmo a aconselhar os portugueses a confiarem na eficiente gestão de
alguns deles. Agora diz em livro que, nas reuniões de 5ª feira com o chefe do
governo, desconfiou logo dos negócios do primeiro-ministro com os governantes
da Venezuela.
Hoje,
uma mãe viu o seu filho morrer-lhe no ventre por falta de assistência, num país
que foi paladino do combate à mortalidade infantil. Um sintoma claro, que
não oferece sombra de dúvida, do estado a que deixaram chegar o nosso Serviço
Nacional de Saúde. O processo não foi repentino: levou algum tempo. Com tanta
clarividência que o então Presidente da República teve para com os negócios da
Venezuela, foi pena que não lhe restasse a suficiente para prever o destino
para onde conduziam o SNS, joia da república portuguesa.
Diz que
o livro é para prestar contas aos portugueses. Então onde poderemos ler as chamadas à
pedra dos primeiros, segundos, terceiros,… ministros responsáveis pelo estado
calamitoso a que chegou o SNS? E onde estava Cavaco Silva às 2ªs, 3ªs, 4ªs e
6ªs feiras?
Porque hoje morreu um filho no ventre de sua mãe!
Dificilmente a joia que virou pechisbeque voltará a ser joia e enquanto isso muitos filhos continuarão a morrer no ventre.
ResponderEliminarQuanto às contas do outro senhor, sempre tive razão, afinal só trabalhava um dia por semana.
Tivemos um, senão o, dos melhores serviços nacionais de saúde. Se amanhã desaparecesse o ouro que Portugal tem guardado o clamor que não se levantaria. No entanto o SNS parece-me muito mais valioso que o ouro que Salazar arrecadou, e o que preocupa as gentes são os penalties por marcar. Olhe, Manuela, parece que hoje acordei mal disposto!
EliminarHajam canopos de barro suficientes para colocar as entranhas destas múmias mal fabricadas e se atirem bem fundo para não sobrar memória.
ResponderEliminarOnde é que eu já li isto?!
Há sempre, em qualquer lado, um Lord Carnarvon mais um Howard Carter que acabam por descobrir as múmias por mais fundo que se enterrem (e esta, hein?).
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