domingo, 12 de fevereiro de 2017

GASTRONOMIA BÍBLICA 1 - FIGOS MELADOS DE EVA


          Decidi iniciar uma rubrica de culinária bíblica e nada melhor para isso do que ir ao princípio. Porque estamos perto do dia dos namorados, calha bem um prato doce preparado pelo amoroso casal do Éden.

"Génesis 1, 29: Deus disse: «Também vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento."
Foi no princípio, depois do fiat lux, que o Senhor Deus plantou um jardim lindíssimo por onde gostava de passear pela brisa da tarde. Por faltarem elementos decorativos ao jardim não pensou em mais nada, senão em lhe prantar uma Eva e um Adão, que são coisas que ficam sempre muito bem num jardim. O senhor Deus, como toda a gente sabe, é vegan e vai daí disse à Eva que só podia cozinhar ervas e frutos. Carne, só a do Adão. A este disse-lhe a mesma coisa e quanto à carne que provasse a da Eva. Só muito tempo depois, quando Noé encalhou a sua arca nas montanhas do Cáucaso, é que foi permitido ao homem e à mulher serem carnívoros, mas isso fica para outro dia.
O que comiam Adão e Eva? De todas as árvores, plantas e ervas que hoje conhecemos a única de que há notícia que existisse no jardim que o Senhor Deus plantou, é a Figueira, pois foi com as folhas desta última que a Eva inventou os primeiros modelos da victoria secret. A história da maçã é uma aldrabice do tradutor grego, que inebriado pela sensualidade do Cântico dos Cânticos da Bíblia, decidiu colocar a maçã entre a serpente e a mulher, sem pedir autorização ao Criador. Portanto, é por força que Eva tenha preparado um prato de figos, deixando que Adão lambesse os dedos...
A receita que aqui deixo é, de fonte fidedigna, exactamente a que Eva cozinhou com uma única excepção: em vez do forno, Eva deixou a secar ao Sol, porque já tinha pedido a Adão que lhe construísse um forno e todos sabemos que quando se pede a um homem que faça alguma coisa, ele fará e não é preciso estar constantemente a lembrar-lho.
Eva chegou-se à figueira, de onde mais tarde tiraria as folhas para se cobrir, e colheu um bom punhado de figos bem fresquinhos e abriu-os ao meio. Porque estava no Jardim do Paraíso, havia por perto uma colmeia de onde retirou o mel e espalhou-o pelos figos. Junto a uma penha virada ao Sol, mesmo ali perto, e por onde se despenhava em graciosa cascata o rio que atravessava o jardim, cresciam ao sol as tímidas hastes de um tomilho que graciosamente foi colhido pelos dedos de Eva, que fez espalhar as suas folhas sobre os figos já ensopados em mel. Então Eva colocou os figos, adoçados em mel e temperados com o tomilho, ao sol quente de verão. O leitor/a, coloque-os sobre a folha de um papel vegetal no tabuleiro do forno, e deixe assar e caramelizar.
Adão provou-os enquanto saboreava, com a vista gulosa, o desenho clássico dos seios da primeira mulher, saídos das mãos do Escultor divino, e não foi pecado nenhum. O caro leitor/a acompanhe (os figos) com um bom queijo de qualidade, gorgonzola por exemplo, e um pouco de presunto, mas só quando tiver a certeza que o Bom Deus esteja distraído, por causa do queijo e do presunto que não eram permitidos no Paraíso vegan e gluten free.

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