Todos
sabemos que Júpiter, rei dos deuses, não é um exemplo de fidelidade. Sabemos
também o que Juno, sua sempre fiel e dedicada esposa, sofreu com as
infidelidades do marido castigando com rigor, e alguma violência, não fosse ela
senhora das tempestades, algumas das inúmeras amantes do seu divino esposo.
Júpiter muito amargou para esconder da mulher as suas aventuras, chegando ao
ridículo de se transformar em touro, ou em cisne só para alimentar a luxúria.
Galileu, num tempo em que o mundo era religioso, mas lúbrico e lascivo, colocou
à volta do planeta as suas amantes Io, Europa e Calisto, não se esquecendo do
jovem Ganimedes, que o deus gostava de ter por perto para todo o serviço, e ali
estiveram sossegados em doce remanso até aos nossos dias. Jamais passaria pela
cabeça de um clássico, de um medievalista ou de um renascentista, colocar a
mulher de Júpiter a perscrutar-lhe o íntimo, antes preferindo oferecer ao
planeta gigante a companhia de amantes.
Que a
NASA tenha enviado para Júpiter uma sonda para lhe conhecer os segredos com o
nome de Juno, perturbando assim aquele delíquio amoroso do grande planeta,
mostra bem o espírito inquisitorial e pseudo moralista gerados na confusão pós
modernista dos nossos tempos.
na imagem: Ganimedes com Júpiter disfarçado de águia
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