Gosto muito de hotéis. E
também de monumentos. Juntar hotéis e monumentos não é uma ideia nova em
Portugal. Desde 1950 que o conceito de pousadas históricas existe com grande
apreço da população e da crítica. O Smithsonian Foundation atribuiu às Pousadas
de Portugal o prémio anual pelo papel preponderante na defesa do património
cultural e do ambiente para fins turísticos.
O mosteiro de Alcobaça,
com mais de 800 anos, tem um papel mais do que simbólico na fundação do nosso
país, que é pouco reconhecido pelas autoridades e pela população em geral. Para
lá da sua importância na fundação e defesa do Estado Português, é lá que está o
símbolo maior do nosso amor: os túmulos de Pedro e Inês. Mas representa também
o primeiro e, durante muitos anos, o único exemplar da arquitetura gótica. Para
além do monumento, a presença dos seus monges na região deixou marcas na
agricultura e na engenharia hidráulica.
A brancura das suas
pedras, os seus vitrais sem cor, e a falta de ornamentação (se exceptuarmos os
túmulos) convidam-nos à ascese. Esse ascetismo obrigou, em remodelações
recentes, a uma envolvência exterior despida de ornamentos que não foi
compreendida pela maior parte da população que gosta de jardins barrocos.
Desconhece, a população e alguma elite, que aquela “limpeza” e despojamento
fazem parte da matriz de Alcobaça assente na reforma cisterciense, resumida na
sua legenda beneditina: ora et labora
(reza e trabalha).
Obras de restauro e
adaptação, sempre as houve. A cozinha de Alcobaça, que faz as delícias dos
visitantes, não é, ao contrário do que se julga, medieval, mas do século XVIII.
Instalar um hotel numa ala e claustro onde ninguém vai e onde ninguém está
disposto a investir o dinheiro dos contribuintes, mesmo aqueles que agora
rasgam as vestes em protesto, parece-me bem.
Se a Ordem de Cister,
fundadora do mosteiro, era, e é, austera e despojada, um Hotel de 5 estrelas
não pode sê-lo. 90 quartos de luxo numa terra pequena como Alcobaça só se
garantem à custa do prestígio das pedras que os rodeiam e que são de todos nós.
Andarmos a trabalhar para o lucro dos outros sempre com o Credo na boca, tal
como os monges de Cister, não! Devemos lembrar que esses monges, para além de
rezarem e de trabalharem, também pegavam em armas para expulsar os mouros que
lhes roubavam as searas.
Pagar 5 000 euros anuais
por aqueles claustros, o mesmo (ou menos) que para uma renda de casa familiar,
parece-me um despojamento do Estado que deve merecer o nosso mais vivo repúdio,
senão mesmo investigação criminal. É que me parece um roubo!
Tem toda a razão, é ridículo e aproxima-se mais do roubo que do despojamento. Haja alguma moralidade e compostura!
ResponderEliminarE ainda a autarquia vai ter de resolver a questão dos acessos. Não tenho dúvida da mais valia para a região, mas, como diz, alguma compostura é precisa face a monumento tão vetusto.
EliminarCuriosa gargula que tantas figas faz, como se pretendesse afastar o convivio com as "elites" analfabetas que a tomam por pokemon, e os gemidos das wags da bola provenientes da janela de baixo..
ResponderEliminarCaro anónimo. Repare que a gárgula não faz figas. Aperta os mamilos para dar de mamar aos gulosos. Quanto à janela de baixo resta-me lembrar: o que se passa na janela de baixo, fica na janela de baixo.
EliminarCaro amante de hotéis e de monumentos, sugiro um périplo por alguma anatomia também, ou com as novas tecnologias aumente a imagem, e verá que o que toma por mamilos são na verdade dedos. Cumprimentos à janela de baixo.
ResponderEliminarImpõem-se uma visita à gárgula. Resta saber quem paga o lanche na pastelaria Alcoa.
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