sábado, 9 de julho de 2016

ESTADOS UNIDOS DO FUTEBOL


Eu gosto da França e dos franceses. O seu chauvinismo é mais suportável que o dos ingleses porque não se julgam superiores, somente diferentes.
De francês tenho a costela de uma vaga trisavó, mas de inglês tenho a de uma avó de quem, curiosamente, herdei a costela vagamente francesa. Não ligo nenhuma ao futebol. Não herdei esse gosto nem pelo lado inglês nem pelo português. Mas amanhã estarei com o Cristiano Ronaldo, um português, um madeirense, um descendente de antigos trabalhadores vindos de África para as plantações de cana de açúcar do Infante. Estarei ao lado do Quaresma cuja tribo veio do Egipto ou da Índia, que importa? Estarei a gritar pelo Renato Sanches, trineto da rainha Ginga, pelo Cédric que é português nascido na Alemanha e podia ser da selecção alemã. Estarei também com Rui Patrício, um aqui da zona ocidental do país. Estarei com todos, do Minho a Timor que por lá também sofrem como nós.
Ganhe quem ganhar, haverá um português a erguer a taça. Poderá ser Ronaldo, mas também poderá ser Antoine Griezmann, que é filho de uma portuguesa e bisneto de alemães, e é francês. O seu avô jogou futebol no Paços de Ferreira. Antoine podia jogar na nossa selecção. Escolheu a da terra natal, e fez ele muito bem porque o azul da camisola combina muito bem com o azul cinzento dos seus olhos vagamente germânicos.

Vitor Hugo, não o guarda redes, mas o escritor francês, sonhou para o século XX os Estados Unidos da Europa para que a seguir se formassem os Estados Unidos do Mundo. Andamos aos tropeços, mas havemos de o conseguir. Afinal é o que já vemos nas selecções nacionais: Os Estados Unidos do Futebol.

4 comentários:

  1. Cum caneco!!!!!!!!!!!!!!
    O que eu aprendo aqui.
    Qual wikipedia. qual quê?
    Aprender é nas Cartas das Caldas.
    Já agora, que nos tragam amanhã o caneco.

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    1. Manuela, a wikipedia é uma boa aliada das minhas croniquetas. Venha de lá o caneco que a gente faz uma festa que ninguém trabalha 2ª feira.

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  2. Também não ligo nenhuma ao futebol, mas amanhã aqui estarei a torcer por todos os que são portugueses e se sentem portugueses, independentemente do local geográfico de origem. Verdade se diga que os franceses também têm uma abordagem holística semelhante à nossa, da qual o Griezmann é apenas um dos muitos exemplos.
    Ter chegado à final é já um enorme feito, mas o que era mesmo bom era trazerem de lá o caneco! Nomeadamente por ser em França e contra a França! Esperemos que o fado não se repita e que, desta vez, a coisa se concretize!
    Mias uma fez, o seu texto é inspirador, obrigado.

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    1. Obrigado Fanático_Um. Não nos esqueçamos, contudo, que foi um alemão que pôs Vasco da Gama a cantar em francês. Mas venha de lá o caneco!

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