Dizem que foi resolvido
o enigma de quem apareceu primeiro, se o ovo ou a galinha. Foi o momento de
glória de quem, pondo-se em bicos de pés, se intitula cientista e, ao que
parece, após um gráfico, arrumou para o canto da sala, de uma assentada,
Aristóteles e Platão. Ficámos sem saber
se usou uma folha de excell se um powerpoint, mas sabemos que o fez com um
certo enfado porque acabou a afirmar:
“Agora podemos voltar às nossas vidas”.
Qualquer garoto
perceberá de imediato a falácia do cálculo do tal professor de biologia evolutiva
de Manchester, que pelos vistos faz qualquer coisa para se tornar conhecido nas
redes sociais. Se um dia conseguirá provar a evolução, não faço ideia, mas a
involução ficou provada, porque o homem não passa afinal de uma galinha
depenada, no dizer do meu velho amigo Diógenes.
Agora podemos voltar às
nossas vidas, diz o cientista. Nós talvez, bem como Aristóteles e Platão que
continuam bem vivos ao contrário de tão preclaro cientista. Resolvendo o problema
do ovo e da galinha para poder continuar com a sua vidinha, desistiu de pensar,
logo ficou morto, como tão bem explica Clarice Lispector:
“…
O ovo é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça
mal a ele, mas as pessoas que chamam ovo de branco, essas pessoas morrem para a
vida.”
Tenha atenção à Clarice,
caro cientista. A sua descoberta é a prova do seu erro: “… Olho o ovo na cozinha com atenção superficial para não quebrá-lo.
Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se
eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro.”
Também pode dar-se o
caso de que tenha sido fome. Fome de notoriedade! “… Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo,
está querendo outra coisa: está com fome.” Diz a Clarice que percebe muito
mais de ovos que qualquer cientista de biologia evolutiva de Manchester.
Caro leitor, faça um
favor a si mesmo. Deixe o cientista sossegado (não convém mexer com os mortos)
e leia o magnífico conto de Clarice Lispector: “O OVO E A GALINHA”.
Imagem: “Esperando o Sucesso”, óleo de Henrique Pousão,
Museu Nacional
Soares dos Reis
:-)!
ResponderEliminarObrigado por mais este texto.
Obrigado eu pela paciência de o ler.
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