Sempre me intrigou que o ano começasse
no primeiro de Janeiro, um dia sem qualquer significado astronómico que
justificasse a coroação como o primeiro de um ciclo. Poupando esforços ao
leitor deitei mãos ao estudo para meu próprio esclarecimento e do caro leitor,
que a época é de partilha.
O calendário que seguimos e que foi,
por assim dizer, imposto ao resto do mundo, é o calendário gregoriano que por
sua vez se limitou a copiar o calendário romano com pequenas alterações e iniciando-se
com o nascimento de Jesus. O calendário romano começou por ser lunar e por isso
pouco certo, que isto de andar na lua tem as suas desvantagens. Mais tarde o
rei romano Numa Pompílio, tentando acertar com a coisa, introduziu o mês de
Janeiro que calhava, mais ou menos, onde calha actualmente.
É Janeiro o mês do deus Janus, o que
tem duas faces: uma olhando o futuro, outra olhando o passado, que o presente é
uma abstracção. É também o deus dos portões e por isso das saídas e das
entradas. O símbolo ideal para terminar um ano e iniciar um novo. Janeiro seria
então o mês inicial. Mas como isto de luas nunca anda muito certo e sendo o
primeiro dia do ano demasiado importante para ficar ao deus dará, Júlio César,
conhecido pelo gosto por mulatas egípcias e por isso danado para a brincadeira,
decidiu e decretou que o primeiro dia do ano e do mês de Janus se iniciasse na
primeira lua Nova após o solstício de inverno, coisa que naquele ano aconteceu,
vá-se lá saber porquê, oito dias depois. O Sol macho dava assim a ordem mas só
quando a fêmea Lua aparecesse é que podiam começar as festividades, porque
festa sem mulher pode ser muito moderno mas torna-se monótono.
Está agora o meu caro leitor a fazer
contas de cabeça e a verificar que a coisa não dá certo e tem razão: é que de
21 de dezembro a 1 de janeiro oito dias não são contados. Qualquer homem que
tenha esperado por mulher para uma festa sabe o quão incerto é o tempo que terá
a espera. O mesmo acontece com a Lua. Se demorou oito dias para Júlio César não
significa que mantivesse essa constância, pelo que esperar pela Lua Nova
revelou-se um transtorno. Nenhum sindicato conseguia marcar as greves dos
transportes a tempo do réveillon e o
champagne acabava por aquecer. Alguém previdente resolveu então fixar um tempo
razoável para a cura da ressaca das festas do solstício e evitar o
congestionamento das marcações no cabeleireiro: onze dias fixos se contariam
desde o solstício que alguma Lua apareceria nesse ínterim, rezando para que não
fosse a da fase do quarto minguante que é sempre de evitar, e não se falou mais
nisso. Nós, que às festas do solstício chamamos agora de Natal, agradecemos,
pois o corpo não aguenta tanto excesso seguido sem intervalo adequado.
Como curiosidade saiba o leitor que a
primeira Lua Nova após o solstício de Inverno de 2013 aconteceu precisamente a
1 de janeiro de 2014 iniciando-se assim o ano conforme a vontade de César. Já a
primeira Lua Nova após o solstício de Inverno de 2014 deu-se exactamente um dia
depois, a 22, pelo que o começo do ano de 2015 será em quarto crescente a
caminho da Lua cheia o que só pode trazer bons presságios.
Um bom ano para todos e tenham cuidado
com os excessos que a austeridade ainda não acabou.
Tu não dormes, sempre pronto a dar-nos a conhecer coisas que não me passariam pela cabeça, obrigada e já agora vamos entrar em 2015 cheios de esperança e saúde.
ResponderEliminarSempre em prol dos outros. Um bom ano para vocês. Beijinhos.
Eliminar"Jasus"
ResponderEliminarSó mesmo aqui para aprender coisas que não fazia ideia.
Excelente como sempre.
Aproveito e desejo que o 2015 seja um ano com muita inspiração para que eu possa continuar a ler e tentar aprender.
Feliz 2015 para os Alves dos Cardosos.
Muito obrigado Manuela. Um optimo ano (não sei o que se passa com os acentos) para os Cardosos.
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