sábado, 20 de dezembro de 2014

CUBA LIBRE


       Ao contrário do que certa esquerda moderna apregoa, nomeadamente as novas correntes que grassam por Espanha, não existe um “leninismo amável”. Direi mesmo que juntar Lenine e amável numa frase é um oximoro, uma contradição dos termos. Não há, nunca houve, e não pode haver um leninismo amável, no entanto temos tendência a pensar o regime cubano como amável, esquecendo a prisão e a tortura. Julgo que tal facto se deve à empatia fácil que temos com as suas gentes e à forma alegre e divertida com que enfrentam e enfrentaram uma ditadura feroz e sanguinária, que lançou não só opositores na prisão como quis reeducar quem não se regia pelas regras do novo regime, como a prisão de homossexuais, para falar de temas tão caros a uma certa esquerda desmemoriada.
A onda de entusiasmo que varreu as ruas de Cuba face aos esforços de aproximação aos Estados Unidos significa somente que os cubanos sabem que a ditadura tem os dias contados e que cairá de forma pacífica se todos souberem estar à altura das circunstâncias, coisa que os republicanos americanos teimam em não estarem, preocupados com a falta de democracia cubana (a direita é tão desmemoriada quanto a esquerda), enquanto se esquecem que as ditaduras a que estão aliados não cairão tão fácil e tão depressa como cairá a cubana com quem não se querem aliar.
É velho cliché dizer que Cuba e os EUA estão condenados a darem-se bem, mas não deixa de ser uma verdade indesmentível. Foi a intransigência dos EUA quem pôs Cuba no colo do bloco soviético. É hora de assumirem as suas responsabilidades de potência dominante daquela zona do globo e darem a mão a um país que só procurava recuperar a dignidade naquele réveillon de 1959.
 


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