Ao contrário do que certa esquerda
moderna apregoa, nomeadamente as novas correntes que grassam por Espanha, não
existe um “leninismo amável”. Direi mesmo que juntar Lenine e amável numa frase
é um oximoro, uma contradição dos termos. Não há, nunca houve, e não pode haver
um leninismo amável, no entanto temos tendência a pensar o regime cubano como
amável, esquecendo a prisão e a tortura. Julgo que tal facto se deve à empatia
fácil que temos com as suas gentes e à forma alegre e divertida com que
enfrentam e enfrentaram uma ditadura feroz e sanguinária, que lançou não só
opositores na prisão como quis reeducar quem não se regia pelas regras do novo
regime, como a prisão de homossexuais, para falar de temas tão caros a uma
certa esquerda desmemoriada.
A onda de entusiasmo que
varreu as ruas de Cuba face aos esforços de aproximação aos Estados Unidos
significa somente que os cubanos sabem que a ditadura tem os dias contados e
que cairá de forma pacífica se todos souberem estar à altura das
circunstâncias, coisa que os republicanos americanos teimam em não estarem,
preocupados com a falta de democracia cubana (a direita é tão desmemoriada
quanto a esquerda), enquanto se esquecem que as ditaduras a que estão aliados
não cairão tão fácil e tão depressa como cairá a cubana com quem não se querem
aliar.
É velho cliché dizer que
Cuba e os EUA estão condenados a darem-se bem, mas não deixa de ser uma verdade
indesmentível. Foi a intransigência dos EUA quem pôs Cuba no colo do bloco
soviético. É hora de assumirem as suas responsabilidades de potência dominante
daquela zona do globo e darem a mão a um país que só procurava recuperar a
dignidade naquele réveillon de 1959.
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