Sabendo nós onde costumam ir parar as
boas intenções, não deixei de me preocupar com o testemunho de um grupo de
casais jovens, intitulando-se casais católicos, em defesa do casamento como
Sacramento. São intenções louváveis as que pretendem para si, não sou eu quem o
contestará. Dizem que se devem entregar ao amor conjugal aceitando como dádiva
de Deus toda e qualquer consequência (leia-se filhos) e, por isso, entendem que
os filhos não podem ser planeados como quem planeia as férias ou a compra de
uma casa. Sendo assim só os métodos “naturais” devem ser permitidos numa
relação sacramental, como se acredita ser o casamento entre os católicos (os
cristãos da Reforma só aceitam os instituídos por Cristo: o Baptismo e a
Comunhão). Acrescentam os bondosos jovens casais que tudo isso não lhes saiu
das lindas cabecinhas, porque singelas, mas aprenderam nos Evangelhos, no Novo
Testamento e nas encíclicas papais.
Pensam assim que o sexo pode ser feito
com prazer mas só quando serve um propósito que não esse prazer, assim como
comer e beber só quando se tem fome e sede, como se o primeiro milagre de Jesus
não tivesse sido a transformação da água em vinho, precisamente numa festa de
casamento, para dar de beber a uma multidão de bêbados que se tivessem sede
beberiam água!
Eu e a minha mulher, que somos
católicos por convicção e casal porque assim o entendemos, planeámos os filhos
não como quem planeia as férias ou a compra da casa. É que nessa altura só
sabíamos como planear os filhos porque as férias e a compra de casa estavam
fora do nosso alcance pelo que não serviu de termo de comparação, como parece
ser o caso daqueles jovens felizes e bem-parecidos. Quererem os jovens e
bondosos casais impedir que a Igreja se abra e deixe de considerar pecado a contracepção
artificial parece-me daquelas boas intenções que enchem o Inferno de muita
gente. Já agora acrescento que no meio de tanta entrega usar os métodos
naturais cheira-me a grosseira batotice. Então o Senhor, na sua infinita
misericórdia, desperta os instintos mais naturais do macho através das
feromonas da sua fêmea em ovulação e vocês, macho e fêmea, recusam o chamamento
da natureza que é o mesmo que dizer, Divino?! Parece-me mal! Não vale tirar
trunfos da manga porque Deus tudo vê!
Quanto aos Evangelhos e ao Novo
Testamento, meus caros, convém reler a matéria. É que Cristo nada disse sobre o
comportamento sexual de casados e não casados (uma chatice fazer sexo sem
compêndio adequado) a não ser que evitassem babarem-se para cima da mulher do
vizinho, numa clara referência à hipocrisia de quem se faz passar por santo.
Falou do divórcio, bem sei, mas tornem a ler e a contextualizar e verão que o
assunto tinha tudo a ver com a questão sócio económica da mulher abandonada e
nada a ver com as questões do sexo ou indissociabilidade do casamento. Quanto
ao São Paulo, apesar da sua profunda misoginia, lá foi dizendo que era melhor
casar-se que abrasar-se e depois deu uns conselhos com o devido cuidado de
referir que nada daquilo que dizia tinha sido o Senhor quem lhe sussurrara, mas
que era ele, como homem, que achava por bem aconselhar. Se todos tivessem
seguido os conselhos de Paulo já não haveria cristãos e muito menos católicos.
Imagem existente no portal da Sé de Lamego roubada daqui:
Este texto está um riso!! :)
ResponderEliminar:))
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarComo gostei e senti a tão verdade que é aquilo que escreve é pena esses casais e muito mais não tenham acesso a este texto, não me deu o riso mas sim um sorriso por haver alguém que sabe transpor às vezes o que sinto.
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