Somos tratadas como princesas, diz
uma jovem que largou o conforto do nosso estado social para se dedicar a uma
causa que tem a morte como lema. Parece niilismo mas é muito mais uma reacção
violenta ao niilismo em que o mundo ocidental vive mergulhado. Uma recusa ao
“vale tudo” ocidental.
Não serei tonto para afirmar que o
horror que varre o Médio Oriente é culpa do nosso niilismo. O que ali vemos é
velho e antigo. Guerras de califados, com mais ou menos horrores, varreram toda
a Idade Média. O que nos surpreende é ver mulheres recusarem a igualdade e a
liberdade em troca do tratamento de princesas. É vermos jovens devotados a uma
guerra injusta e cruel, onde parecem divertir-se matando inocentes e que jamais
poderá denominar-se de Jihad. A esses
jovens, educados no seio deste nosso niilismo, soar-lhes-ia estranha aquela
oração de um cruzado perante a desgraça dos mouros de uma Lisboa conquistada: Cessem, Senhor, as intervenções da tua ira.
Deixe de descarregar a tua mão! Basta Senhor!...Agora, se é possível,
converta-se o luto deles em alegria…
A nossa reacção àquele horror vem de
dentro das nossas crenças alicerçadas em séculos de tradição e depressa
esquecemos que, não obstante essas crenças, vivemos na aceitação do niilismo
vigente. E é por isso que aceitamos, sem pestanejar, o anúncio definitivo da
morte da filosofia que Stephen Hawking bradou alto e em bom som. Quando o
brilhante cientista determinou a morte de Deus, já anteriormente declarada por
Nietzsche, aproveitou a deixa e afirmou que a Ciência em breve responderá a
todas as perguntas, arrumando de vez para as estantes dos museus toda a
especulação filosófica. Elevando assim a Ciência à condição de nova religião e
a si próprio como o seu profeta, fica-se sem saber se estamos perante o derrube
do Niilismo ou, pelo contrário, perante a sua consumação.
Escudado na força da ciência e da
tecnologia, tão querida a Hawking, o presidente americano diz que não enviará
tropas para o terreno (outros que arrumem a casa que desarrumaram). Perante
essa vontade, ou falta dela, que os eleitores de Obama saibam que enquanto
houver jovens que deixam o conforto e a segurança do nosso estado social para
matarem e serem mortos, num absurdo e aparente niilismo em oposição ao
ocidental, e eles só pretendam ir a jogo com o recurso à tecnologia, então
chegam já derrotados! Eles e nós, os órfãos de Deus.
É que o Diabo, ao contrário de Deus
que Hawking declarou morto, existe, está bem vivo e recomenda-se!
Aos inocentes mártires, “In Paradiso” de Fauré
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