Ontem a justiça
portuguesa condenou trinta e seis cidadãos portugueses. Não vou comentar os
contornos do caso porque não os conheço, nem vou julgar o mérito dessas
condenações. O que me motivou a vir aqui comentar foi o desabafo angustiado de
um dos condenados. À porta do tribunal afirmou que estava em choque! Confesso
que eu também. Em choque por saber que um antigo deputado e ministro do meu país
não tenha sabido estar à altura dos cargos que desempenhou e apareça agora
condenado. Repito para mim mesmo que devo ser benevolente e que devo repetir a
frase d’Aquele que devia orientar os meus actos e pensamentos: “quem nunca
pecou que atire a primeira pedra”. Apesar de tudo o desabafo sai-me das
profundezas do coração: Estou em choque!
O cidadão em questão foi
agraciado em 2005, pelo então presidente da república (não, não foi o Cavaco),
com a Grã-cruz da ordem do Infante D. Henrique. Não cometerei a injustiça de
lançar sombras sobre esta decisão do Sr. Presidente da República de então. Os factos
pelos quais aquele cidadão foi agora acusado e condenado são posteriores à
condecoração.
A atribuição daquela honra
tem como finalidade “…distinguir quem houver prestado serviços relevantes a
Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura
portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores”.
Fui ler a biografia do condecorado anterior a 2005: Um curso abandonado, uma pós-graduação
sem licenciatura, deputado, vereador, ministro, director geral, algumas sombras
de irregularidades no exercício dos cargos públicos e é tudo. O suficiente para
o Sr. Presidente da República de então pensar que estes serviços foram
relevantes para a Pátria e expressam a cultura portuguesa, a história do país e
os seus valores.
Confesso que estou em
choque!
É mesmo para ficar em choque, será que afinal quando se recebe uma condecoração desse tamanho, se calhar enganaram-se não era essa condecoração ou então o presidente da República não sabia. E triste.
ResponderEliminarO problema está na falta de critérios. Do alto até abaixo. Nós próprios temos pouco critério em escolher os nossos políticos. O presidente não podia saber que o senhor iria ser acusado e condenado, mas devia saber que nada do que ele tinha feito até então tinha qualquer relevância para uma condecoração. Mas lembro que foi uma altura em que se distribuíram condecorações a tudo o que se mexesse. Como no tempo do final da monarquia: "Foge cão que te fazem barão. - Para onde, para onde, que me fazem visconde?"
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