sexta-feira, 25 de julho de 2014

UMA QUESTÃO DE MORAL

         Ricardo Salgado constituído arguido.
 
 
         Há a questão criminal mas há também a questão moral!
 
 
«No fundo da China existe um Mandarim mais rico que todos os reis de que a Fabula ou a Historia contam. D'elle nada conheces, nem o nome, nem o semblante, nem a sêda de que se veste. Para que tu herdes os seus cabedaes infindaveis, basta que toques essa campainha, posta a teu lado, sobre um livro. Elle soltará apenas um suspiro, n'esses confins da Mongolia. Será então um cadaver: e tu verás a teus pés mais ouro do que póde sonhar a ambição d'um avaro. Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?»
 
Prólogo de “O Mandarim” de Eça de Queiroz

 

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Rita,
      A família Rothschild (grandes banqueiros) tinha espiões a visionar a batalha de Waterloo. Assim que a batalha terminou com a derrota de Napoleão, o espião conseguiu atravessar o canal da Mancha mais rápido que o correio oficial e informou Rothschild do desfecho da batalha. Rothschild correu à bolsa de Londres e vendeu todas as suas acções. Com este gesto fez crer que a Inglaterra teria perdido a guerra e todos os restantes accionistas começaram a vender, fazendo com que o valor das acções caísse. Rothschild comprou então tudo a preço da uva mijona. Pouco depois a notícia oficial da vitória da Inglaterra chegou e as acções voltaram a subir. Rotschild naquele dia multiplicou a sua fortuna por vinte. No campo de batalha ficaram, números redondos, 47 000 mortos. Preciso dizer quem é que toca a campainha dentro de uma sala onde se faz a especulação bolsista? Uns ganham o pão com o suor do rosto, e outros com o suor dos outros triplicam fortunas. Também podem perder tudo num minuto ou ficar milionários, mas nunca é por causa do seu trabalho. Só a riqueza gerada pelo trabalho é moralmente aceitável. Tudo o resto é imoralidade. É isso que representa o episódio dos vendilhões do templo. Pode ser um mandarim que morre nos confins da China ou milhares de trabalhadores escravizados para que as grandes marcas ganhem fortunas. Não consigo ver de outra forma.

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    2. Pensava que ia falar acerca do senhor que se segue!.... :)

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