quarta-feira, 6 de novembro de 2013

PRINCESA QUE VESTE NA ZARA NÃO É COOL, É PINDÉRICA

 
É sabido que a França atingiu um pico de prosperidade no reinado de Luís XIV, o rei absoluto. De entre as industrias que se desenvolveram, a do luxo e da moda devem tudo ao rei que gostava de se mascarar de Sol e que obrigava a nobreza a trajar “decentemente”, contrariando a mesquinhez e sovinice de alguns. Moliére, um protegido do rei amante das artes, retratou, em “O avarento”, o tipo de gente rica que não gasta o que tem.
Desse mal, da sovinice, não sofria o rei Luís que resolveu criar um novo cargo na corte: Grand Maitre de la garderobe du roi. O oficial do cargo tinha como única e exclusiva função cuidar do guarda-roupa de sua Majestade.
Se o rei desenvolvia as artes e os ofícios, tornando-se seu mecenas, então que toda a nobreza lhe seguisse o exemplo. Ordenou que toda a nobreza passasse a estar sempre na moda. Os nobres, aflitos, passaram a gastar balúrdios com casacas, vestidos, rendas, sapatos, botas, perucas, luvas, etc., mais o perfume que devia mudar todos os dias… E porque tais ataviados e arrebiques não se dão bem com o pó das ruas, lá vinha carruagem condigna mais a parelha de luzidios alazões, para alegria de correeiros, ferreiros e outros mecânicos que tais!
A indústria agradeceu e encarregou-se de inventar sempre novas modas para desespero dos chefes de família.
O rei, magnânimo, não ficou por ali. Decidiu que qualquer pessoa, independentemente da sua classe social, podia entrar nos jardins de Versalhes desde que vestida à moda e com o luxo que convinha ao local, podendo assim admirar os numerosos eventos aí ocorridos, o carrossel, e até ver o rei passeando com Madame de Maintenon toda de seda chiffon!
Escusado será dizer ao leitor, amargurado com a austeridade, e desabituado do brilho de lantejoulas e lamés, que o incremento da indústria foi enorme, sendo a moda e o luxo um dos legados que dá lucro à França e alimenta e dá trabalho a muito pobre por esse mundo fora.
O rei subsidiava assim a industria obrigando a nobreza e a classe média a consumir. Alimentando a vaidade, evitava o ressentimento dos ricos face a este imposto disfarçado.
Leio agora que sua majestade, a rainha das Espanhas, não dá festa de aniversário por causa da crise, e que a princesa parvenu inglesa veste na Zara e, pasme-se, repete sem vergonha a toilette, como vulgar menina do shoping.
Perde a indústria o cliente e os outros, vendo-se assim desobrigados, guardam o dinheiro levando à ruína comerciantes e industriais, criando mais desemprego.
Os media exultam e, no meio da demagogia, exultam os pobres que julgam ver os ricos com eles irmanados. Nada mais falso.
O que é que nós, os pobres, ganhamos com isso? Ou mais correctamente: O que é que vamos perder com isso? Porque, ou acabamos com os ricos ou obrigamo-los a gastar o que têm.  
A função de uma princesa é alimentar os nossos sonhos. Com isso gera emprego e diverte-nos. Não cumprindo a função, só resta aos pobres cortar-lhes na renda, para não lhes cortar noutras coisas…
Não é poupando que um rico se faz pobre, mas gastando.
O povo que lhes paga a renda, deve exigir-lhes o cumprimento do que é próprio à função, porque um modelo Dior numa princesa é uniforme de estado! A última coisa que precisamos para sair da crise é uma princesa pindérica.
Basta de austeridade. Abaixo as princesas da zara.
 
Notícia dos media: Kate Midleton veste modelo da Zara.



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