Há três
anos visitei Berlim. Se fosse berlinense, visitasse Lisboa e visse as obras nos
pavimentos das suas avenidas ficaria pensando por que raio Berlim não tem
pavimentos tão bons e bonitos. É certo que Berlim era um estaleiro quando
desembarquei no seu velho e antiquado aeroporto, ainda não substituído pelo
novo que se encontra incrivelmente atrasado. As velhas tílias sobreviventes dos
bombardeamentos tremiam à passagem dos bulldozers,
e o telhado da mais famosa sala de concertos, a Filarmonia, metia água. Por
isso não sei se a Uter den linden
ficou tão linda como o Cais do Sodré ou como a Avenida da República com as suas
tipuanas e jacarandás. Tenho a certeza que o berlinense que nos visitasse não
daria razão ao holandês, e confirmaria que o dinheiro não é gasto em bebidas e
muito menos em mulheres. Um país de trolhas tem sempre obras onde gastar neste
imenso resort em que nos
transformaram. Logo, logo irão terminar uma parede lá para o lado da Ajuda,
cuja falta para a cidade é igual à de uma viola num enterro.
Em todo o
caso, o sistema público de transportes de Berlim é fantástico, enquanto em
Lisboa já é um prazer andar a pé e de bicicleta, pelo que ninguém precisa de
uma boa rede de transportes públicos, e sempre fica mais barato ao cidadão que
pode assim gastar o dinheiro noutras coisas.
Entre a
sobriedade calvinista e luterana e o gosto barroco dos católicos existe uma
disputa que se acentuou quando católicos e protestantes deixaram de estar dispostos
a pagar “indulgências” para as obras do estado. É que ninguém se salva pelas
“obras”, dizem eles e a epístola aos Efésios!
Foto:
túmulo de Frederico II da Prússia, “O Grande”
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