Em 1890 a infame Inglaterra lançou a
Portugal um ultimato, intimando o nosso país a abandonar o território situado
entre Angola e Moçambique que fazia parte do famoso mapa cor-de-rosa (com um
nome destes e queríamos que nos respeitassem). Portugal tinha, a fazer fé numa
nota do Fórum Defesa, um único navio de guerra: o Mindelo com 6 peças e 2
rodízios (seja lá isso o que for) e uma tripulação de 120 valentes e briosos
marinheiros. Maria da Fonte e as mulheres que a acompanhavam estavam tolhidas
pelo reumático ou já tinham falecido, pelo que não houve outro remédio senão
capitular. As boas consciências nacionais não perdoaram o rei, que capitulava
no plano político para livrar o país de uma humilhação maior no campo de
batalha, e, na falta de orçamento de estado cujo deficit é endémico em Portugal desde a entrega do dote de D.
Catarina de Bragança e o esbanjamento do ouro do Brasil na compra dos
carrilhões de Mafra, vai de organizarem uma subscrição para a compra de um
navio de guerra que fizesse tremer de medo a poderosa Inglaterra cuja armada se
gabava de ter, pelo menos, um dos seus navios em quase todos os portos do
mundo. Conseguido o dinheiro mandou-se fabricar o navio, não em Inglaterra como
de costume, mas na Itália, talvez por influencia da belicosa rainha viúva, uma
italiana de pelo na venta que custava a aturar a pusilanimidade do marido e do
filho e que um dia ameaçou de morte o Duque de Saldanha, mas isto sou eu e a
minha imaginação.
Em 1897, com o país distraído com as
visitas de Suas Majestades e esquecido já da humilhação, chega à barra do Tejo
um potente cruzador de 10 peças, duas metralhadoras, 3 tubos lança torpedos e
uma guarnição de 206 homens. Custou-nos o equivalente a oito milhões de euros e
o governo, um pouco assustado, logo o baptizou de Adamastor: os ingleses que se
cuidassem!
Viajou do Brasil ao Japão, passando
por Timor, mas a primeira vez que as suas peças abriram fogo foi, não para
afundar a armada britânica, mas para bombardear, no fatídico dia 5 de outubro
de 1910, o palácio das Necessidades, residência oficial de D. Manuel II, filho
do rei que não quis dar batalha aos ingleses. Seguir-se-ia uma brilhante
carreira contra os alemães no Norte de Moçambique, durante a 1ª guerra Mundial,
alemães que, não obstante a derrota na guerra e o cruzador Adamastor, lograram
vencer todas as batalhas travadas em África.
Já não temos o Adamastor, mas temos
dois submarinos e só não os mandamos a Bruxelas porque a capital europeia não
tem praia. Resta-nos o Arménio Carlos para ir à Europa ameaçar que ou nos
aprovam o orçamento ou, ou, ou…
Cá por mim julgo que está na hora de
mais uma subscriçãozinha para um cruzador chamado deficit!
Naquela época esbanjavam dinheiro,mas as coisas ainda hoje existem.
ResponderEliminarHoje em dia esbanjam e as coisas estão escondidas nos bolsos deles.
É verdade. Não fica nada para amostra.
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