sábado, 20 de fevereiro de 2016

O QUE NOS TRAZ A MADRUGADA



Thomas Moore acreditava numa ilha ideal onde a Justiça, a Liberdade e a justa distribuição da riqueza haviam de imperar. Na ilha real onde vivia condenaram-no à morte. O que podemos esperar de um país que matou Thomas Moore? O discurso egoísta de Cameron não admira portanto: precisa de agradar a um país que há 170 anos, sendo a nação mais rica e poderosa do mundo, deixava morrer à fome a população irlandesa à sua guarda e administração, com imagens de cadáveres de crianças estendidas pelas ruas das cidades a correr mundo, para espanto de todos menos dos ingleses que mantiveram a fleuma. O Reino Unido mantem-se na União Europeia com um estatuto diferente dos restantes países, tentando agradar aos que, desconhecendo a própria história e o sangue dos bárbaros europeus que lhes corre nas veias, julgam viver numa “ilha”. Um país que deve a sua riqueza e glória ao saque das nações do resto do mundo fora da Europa, e cujo chefe discursa daquele modo, é caso para perguntar se a Inglaterra tem consciência. Se os ingleses não querem ser europeus então percebo que os escoceses (com o seu petróleo) não queiram ficar unidos aos ingleses.

E da madrugada que celebra os cem anos de uma das mais sangrentas e prolongadas batalhas da primeira Guerra Mundial, onde a estupidez e cupidez europeias mataram mais de 900 000 pessoas nos verdes campos de Verdun, chega-nos mais uma triste notícia: a morte de Umberto Eco. “Acontecerá algo de terrível antes de se encontrar um equilíbrio”, vaticinava ele.

A estupidez dos europeus fez correr muito sangue ao longo dos séculos mas foram a sua cultura e capacidade crítica, herdeiras da filosofia nascida na Grécia, que tornaram a civilização europeia superior. Mudar a cultura pelo dinheiro é matar a civilização. É por isso que me sinto empobrecido e órfão quando pessoas como Umberto Eco desaparecem das nossas vidas.

        Quando os Ecos morrem, ficamos sozinhos e entregues aos Camerons do mundo e isso, mais do que perturbador, é assustador! É que VERDUN foi há cem anos!

Mas da madrugada do dia dos beatos Jacinta e Francisco, que um dia viram a Senhora cuja simbologia se vê nas cores e nas estrelas da bandeira da Europa, chegam-nos também notícias de Esperança…

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