Thomas Moore acreditava numa ilha
ideal onde a Justiça, a Liberdade e a justa distribuição da riqueza haviam de
imperar. Na ilha real onde vivia condenaram-no à morte. O que podemos esperar
de um país que matou Thomas Moore? O discurso egoísta de Cameron não admira
portanto: precisa de agradar a um país que há 170 anos, sendo a nação mais rica
e poderosa do mundo, deixava morrer à fome a população irlandesa à sua guarda e
administração, com imagens de cadáveres de crianças estendidas pelas ruas das
cidades a correr mundo, para espanto de todos menos dos ingleses que mantiveram
a fleuma. O Reino Unido mantem-se na União Europeia com um estatuto diferente
dos restantes países, tentando agradar aos que, desconhecendo a própria
história e o sangue dos bárbaros europeus que lhes corre nas veias, julgam
viver numa “ilha”. Um país que deve a sua riqueza e glória ao saque das nações
do resto do mundo fora da Europa, e cujo chefe discursa daquele modo, é caso
para perguntar se a Inglaterra tem consciência. Se os ingleses não querem ser
europeus então percebo que os escoceses (com o seu petróleo) não queiram ficar
unidos aos ingleses.
E da madrugada que celebra os cem anos
de uma das mais sangrentas e prolongadas batalhas da primeira Guerra Mundial,
onde a estupidez e cupidez europeias mataram mais de 900 000 pessoas nos verdes
campos de Verdun, chega-nos mais uma triste notícia: a morte de Umberto Eco.
“Acontecerá algo de terrível antes de se encontrar um equilíbrio”, vaticinava
ele.
A estupidez dos europeus fez correr
muito sangue ao longo dos séculos mas foram a sua cultura e capacidade crítica,
herdeiras da filosofia nascida na Grécia, que tornaram a civilização europeia
superior. Mudar a cultura pelo dinheiro é matar a civilização. É por isso que
me sinto empobrecido e órfão quando pessoas como Umberto Eco desaparecem das
nossas vidas.
Quando
os Ecos morrem, ficamos sozinhos e entregues aos Camerons do mundo e isso, mais
do que perturbador, é assustador! É que VERDUN foi há cem anos!
Mas da madrugada do dia dos beatos
Jacinta e Francisco, que um dia viram a Senhora cuja simbologia se vê nas cores
e nas estrelas da bandeira da Europa, chegam-nos também notícias de Esperança…
Sem comentários:
Enviar um comentário