segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O BORDEL EM QUE ISTO SE TORNOU


São os centauros figuras mitológicas que se dividem por duas famílias: os que são brutos e insensatos e os que, ao contrário, são bondosos e guerreiam pelas justas causas. De qual destas famílias saiu o que representa o Banif é coisa que o leitor terá de julgar, por si, sem ligar ao burburinho das virgens ofendidas que por aí vai, fazendo lembrar aquele ditado português: chegou a honra à casa das pxxxs.
Na história do Banif cozinham-se, mais uma vez, os negócios com a política. No caldeirão aparece a Guiné Conacri que é parceira de Portugal na comunidade CPLP. Luís Amado é o presidente do Conselho de Administração e, na altura, não viu motivos para a resistência da entrada daquele país na comunidade da nossa língua e nem no Banif. Antes que comecem a inventar bodes expiatórios, lembro que Luís Amado foi ministro da defesa e dos negócios estrangeiros de Sócrates, que negociou com Khadafi e que fez o frete de assistir em Trípoli à festa que este ditador fez na Líbia para comemorar a sua revolução, e onde não faltou a Força Aérea portuguesa para abrilhantar. Dois anos depois a Europa e Portugal festejavam a morte do desgraçado. Longe vai o tempo em que os homens de Estado falavam de honra pelo mérito da acção, como no episódio final da Batalha do Salado que também mete mouros, portugueses e castelhanos que, como os centauros, também são matadores de touros.
Por uma última vez os mouros invadiam e atacavam a Espanha. O rei espanhol chamou em seu socorro o sogro, Afonso IV de Portugal. O rei português não se dava com o genro que lhe maltratava a filha, mas em nome dos valores que urgia defender foi em auxílio do rei espanhol tendo as tropas portuguesas sido decisivas para a vitória desta aliança ibérica. Estas empreitadas custavam (e custam) muito dinheiro e a forma de as pagar vinha do espólio rico que os derrotados deixavam no campo de batalha, uma vez que naquele tempo ninguém se apresentava diante da vida e da morte de camuflado, mas vestido com as melhores grifes e jóias. Afonso XI, humilhado pela ajuda decisiva do sogro, foi generoso e ofereceu a Portugal a primeira escolha, em qualidade e em quantidade, do espólio riquíssimo do campo de batalha. Afonso IV, orgulhoso, recusou. Instado, acedeu a ficar com uma simples mas luxuosa cimitarra e com o sobrinho do rei mouro (prisioneiro de alto valor de troca).
Isto foi no tempo em que Portugal era “mulher honrada” e a palavra pública adjectivava a res publica não se transformando como hoje em substantivo sem carácter. Como disse Rodrigo Moita de Deus, falando destas coisas num programa televisivo, hoje somos como prostitutas a quem o cliente nem se dá ao trabalho de pagar.
O favor com que mais se acende o engenho
Não nos dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.

In Lusíadas (canto X – 146), Camões

2 comentários:

  1. Hum... desta vez não estou lá muito de acordo.
    Se isto fosse mesmo um bordel, nós pagávamos mas sempre tínhamos algum prazer.
    Acho que já nem bordel isto é.
    Bordeis à parte, desejo um feliz Natal.

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    1. Ah, ah. Bem visto. Mas andamos a vender o país e não nos pagam! O problema é esse. Um Feliz Natal.

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