São os centauros figuras
mitológicas que se dividem por duas famílias: os que são brutos e insensatos e
os que, ao contrário, são bondosos e guerreiam pelas justas causas. De qual
destas famílias saiu o que representa o Banif é coisa que o leitor terá de julgar,
por si, sem ligar ao burburinho das virgens ofendidas que por aí vai, fazendo
lembrar aquele ditado português: chegou a
honra à casa das pxxxs.
Na história do Banif
cozinham-se, mais uma vez, os negócios com a política. No caldeirão aparece a
Guiné Conacri que é parceira de Portugal na comunidade CPLP. Luís Amado é o
presidente do Conselho de Administração e, na altura, não viu motivos para a
resistência da entrada daquele país na comunidade da nossa língua e nem no
Banif. Antes que comecem a inventar bodes expiatórios, lembro que Luís Amado
foi ministro da defesa e dos negócios estrangeiros de Sócrates, que negociou
com Khadafi e que fez o frete de assistir em Trípoli à festa que este ditador
fez na Líbia para comemorar a sua revolução, e onde não faltou a Força Aérea
portuguesa para abrilhantar. Dois anos depois a Europa e Portugal festejavam a
morte do desgraçado. Longe vai o tempo em que os homens de Estado falavam de
honra pelo mérito da acção, como no episódio final da Batalha do Salado que também
mete mouros, portugueses e castelhanos que, como os centauros, também são
matadores de touros.
Por uma última vez os
mouros invadiam e atacavam a Espanha. O rei espanhol chamou em seu socorro o
sogro, Afonso IV de Portugal. O rei português não se dava com o genro que lhe
maltratava a filha, mas em nome dos valores que urgia defender foi em auxílio
do rei espanhol tendo as tropas portuguesas sido decisivas para a vitória desta
aliança ibérica. Estas empreitadas custavam (e custam) muito dinheiro e a forma
de as pagar vinha do espólio rico que os derrotados deixavam no campo de
batalha, uma vez que naquele tempo ninguém se apresentava diante da vida e da
morte de camuflado, mas vestido com as melhores grifes e jóias. Afonso XI,
humilhado pela ajuda decisiva do sogro, foi generoso e ofereceu a Portugal a
primeira escolha, em qualidade e em quantidade, do espólio riquíssimo do campo
de batalha. Afonso IV, orgulhoso, recusou. Instado, acedeu a ficar com uma
simples mas luxuosa cimitarra e com o sobrinho do rei mouro (prisioneiro de
alto valor de troca).
Isto foi no tempo em que
Portugal era “mulher honrada” e a palavra pública adjectivava a res publica não
se transformando como hoje em substantivo sem carácter. Como disse Rodrigo
Moita de Deus, falando destas coisas num programa televisivo, hoje somos como
prostitutas a quem o cliente nem se dá ao trabalho de pagar.
O favor com que mais se
acende o engenho
Não nos dá a pátria,
não, que está metida
No gosto da cobiça e na
rudeza
Duma austera, apagada e
vil tristeza.
In Lusíadas (canto X – 146), Camões
Hum... desta vez não estou lá muito de acordo.
ResponderEliminarSe isto fosse mesmo um bordel, nós pagávamos mas sempre tínhamos algum prazer.
Acho que já nem bordel isto é.
Bordeis à parte, desejo um feliz Natal.
Ah, ah. Bem visto. Mas andamos a vender o país e não nos pagam! O problema é esse. Um Feliz Natal.
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