Se está a pensar
celebrar o dia dos namorados com uma ida ao cinema para ver o pastel que se
intitula “As cinquenta sombras de Grey” desista. Parece que aquilo não aquece
nem arrefece.
Sempre me fez impressão
ver gente trocar um bom copo de vinho tinto por um “panaché”. Se compreendíamos
a corrida a filmes como a “Piscina”, o “Último Tango em Paris”, ou o Pato com
Laranja” pela vergonha de levar a esposa a um antro de filmes pornográficos,
nos tempos de hoje, em que podemos vê-los no recato do lar, faz-me confusão que
as senhoras corram a ver um filme em que o único mérito é ver o galã mostrar
alguns pêlos púbicos e as “nalgas”. A sério. É tudo o que verão no tal
filmezinho.
Se acham a actual
pornografia mau cinema, porque não experimentam os velhos clássicos de
antigamente? “A historia d’O”, “Por detrás da Porta Verde”, “O Diabo em Mrs
Jones”, e por aí fora. Pornográficos quanto baste mas muito bem filmados.
Na literatura é o
mesmo. Porque ler um mau livro como as sombras do dito cujo, quando se pode ler
a bela escrita de Guillaume d’Apolinaire no seu famoso livro “As onze mil varas”?
Ou a “Justine” do Marquês de Sade? Ou “Therése, a filósofa” de um anónimo do século
XVIII? E se não gostam dos clássicos, leiam “A casa dos Budas Ditosos” do brasileiro
João Ubaldo Ribeiro. Tudo muito bem escrito e com sexo a transbordar da
contracapa a ponto de fazer corar o jovem Grey.
Mas não há nada melhor
do que ser você a fazer a sua própria literatura e o próprio cinema. Em boa
companhia, evidentemente. Deixe as sombras de Grey para quem não pode!
Imagem existente em
templo indiano
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