Que resposta devo dar a
quem se predispõe a receber em sua casa uma criança abandonada?
Dividir as pessoas em
homossexuais e heterossexuais é, para além de absurdo, estúpido, e a fobia à
estupidez é talvez a única de que sofro. Desta estupidez sofrem tanto straights como gays. Gore Vidal, que não perdia uma oportunidade de aparecer na
televisão ou de fazer sexo (independentemente do género), ia mais longe e
afirmava que existiam não pessoas, mas actos homossexuais e actos
heterossexuais.
Este absurdo resulta de
outro que é julgar-se um homossexual incapaz de actos heterossexuais ou que um
heterossexual jamais se divertiria na ilha de Mikonos ou de Lesbos. Um pouco de
cultura histórica, científica ou simplesmente maior atenção ao que se passa à
nossa volta, poria a nu o absurdo.
Tudo isto para dizer
que a Lei, ou a sociedade, não devia nem sancionar nem interditar, a forma como
as pessoas escolhem os/as parceiro(a)s de cama. É um assunto em que o Estado
não devia intervir. E o casamento?
O casamento só faz
sentido se pressupor à partida a constituição de uma família. Devia então a
Lei, a meu ver, consagrar através do casamento única e exclusivamente a união
entre um homem e uma mulher. Não por razões de ordem moral (a moral na cama faz
tanta falta como uma viola num enterro) mas porque essa união é naturalmente
necessária à procriação e, por isso, elemento fundador das sociedades humanas, merecendo
especial protecção do Estado e da sociedade.
Todas as formas de constituir
as sociedades humanas, e os seus paradigmas, podem ser alterados. Não há nisso
nada de sagrado, no entanto, qualquer mudança desses paradigmas devia obrigar a
que todos se pronunciassem, porque a todos interessa. Fazia então sentido um
referendo. Não foi assim entendido, e em nome de uma igualdade que não estava
posta em causa aprovou-se uma Lei que equipara uniões do mesmo sexo ao
casamento com a nuance de não poderem adoptar. Onde não havia desigualdade
passou a haver a diferença. Os argumentos falaciosos sobre a igualdade e o
horror ao epíteto de homofóbico falaram mais alto.
Agora uma maioria
parlamentar, em violação das mais elementares regras democráticas (exigir à
força a alteração de um sentido de voto não é democracia), entende que deve
perguntar aos cidadãos se esses casais podem adoptar. Então não são casais? Não
pressupõe o substantivo a constituição de uma família? Então para mexerem com
um dos fundamentos de toda a sociedade, e para retirarem ao meu casamento um
determinado valor, não quiseram ouvir-me, querem agora, com o custo de milhões,
ouvir-me sobre se crianças abandonadas podem ou não ser adoptadas por casais
que as querem criar com todo o afecto que merecem?
É caso para dizer:
VÃO-SE CATAR!
O seu último parágrafo, diz tudo!...
ResponderEliminarMesmo assim "eu penso" que eles irão escolher, aquele pequenino de olhos azuis e cabelo louro..., ele é tão giro, tão querido...
É sempre assim neste velho rectângulo luso, sempre que a economia melhora lá se criam formas de estragar dinheiro (como se o referendo fosse de graça).
ResponderEliminarEconomias à parte a dúvida é sempre a mesma: mas para que raios serve uma Assembleia da República que não legisla o que está na sua competência? Não seria melhor ter-se feito um referendo ao programa de ajustamento? E à moeda única? e a tantos outros assuntos, esses sim fracturantes na sociedade?
Nao querendo divagar em demasia a certeza é cada vez maior, o povo (leia-se uma parte) está mais preocupado em recear que lhe vão ao anús, do que na felicidade das crianças. Concordo plenamente com a questão legal, se todos se podem unir (não escrevi casar de propósito) porque é que não podem ter os mesmos direitos?
Oh santa hipocrisia.
Isto só lá vai com uns estilhaços de loiça das Caldas. Falos para alguns, licores para outros.