“Apresento-me perante vossa majestade porque me
concedeu a honra da cruz de Afonso XII que tanto mereci.” “É estranho,”
replicou o rei, “todos os outros que a receberam me asseguraram que a não
mereciam.” Unamuno respondeu prontamente: “E tinham razão!”
Era assim Miguel de Unamuno. Republicano, depressa se
desiludiu com o regime que depôs a monarquia por pensar que aquele destruía a
Espanha que tanto amava. Basco de origem, tinha orgulho em pertencer à Espanha
de Cervantes. Vê-se assim forçado a aclamar o líder dos rebeldes, o general Franco,
achando nele o salvador que a Espanha precisava. Foi breve o encantamento. Na
sua amada universidade de Salamanca, perante o governador civil, o bispo de
Salamanca e a mulher de Franco, sentindo que ficar calado era o mesmo que
mentir, discursou violenta e bravamente contra o brado fascista de “viva la
muerte” do general Millán Astray. Perdeu o cargo e morreu um par de meses
depois.
A isto chamo a síndrome de Unamuno: de que lado ficar
quando ambos os lados não prestam?
Foi ao ler o discurso de Unamuno num dos blogues da
minha preferência, que me lembrei que neste meu blogue, há mais de um ano, em
Julho de 2012, no rescaldo das Olimpíadas de Londres, falei do assalto a Allepo
na Síria. Agora que Obama, prémio Nobel da paz, faz soar os tambores da guerra,
qual deve ser a nossa atitude? Entre um regime assassino e assassinos rebeldes,
de que lado ficar? É que os “vivas à morte” ouvem-se de todos os lados!
O discurso de Unamuno:
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