A sul de Capricórnio ouvi, em 1972, Alícia de
Larrocha, então considerada a melhor pianista espanhola da história. Depois
disso ouvi muitos outros como Tânia Achot no Mondego, Nela Maíssa e Nelson
Freire, o famoso pianista brasileiro tão apreciado por Olga de Cadaval, no sopé
da serra de Sintra, António Rosado na velha aldeia de Cóz…, todos sacudindo o
pó das grandes salas de concerto de Londres, Paris ou Nova Iorque, para
respirarem o ar das nossas serras e descansarem nas margens dos nossos rios.
Badura Skoda, um intérprete austríaco que tocou com o lendário Furtwangler e
com Karajan, e que gosta de visitar Óbidos para ensinar, ouvi-o tocar os
estudos opus 25 de Chopin, ali, junto à lagoa, protegido pelas muralhas
medievais. Ontem tornei a ouvir os mesmos estudos, desta vez interpretados não
por um pianista consagrado como Larrocha ou Skoda, mas por um jovem de 23 anos
que subiu da República Checa ao Montejunto para nos mostrar o seu enorme
talento aliado a uma técnica rigorosa e perfeita. Irrepreensível.
Em ambiente familiar, num grupo de amigos que
acreditam que o mundo pode ser transformado e que se juntaram para apoiar o
esforço do Paraíso das Crianças, uma IPSS no Peral, ouvimos o Karel Vrtiska que
outro grupo de amigos trouxe até ao Montejunto. Uma juventude que se movimenta
pela Europa e que faz dela a sua casa, criando os laços de uma rede baseada na
amizade, nos afectos e na cultura, ajudando a construir a nação europeia. É que
sem os afectos e sem a cultura não será possível.
Não foi um artista consagrado que ouvimos em
Pragança, mas uma estrela que desponta. Afinal não há melhor local para ver o
nascimento das estrelas do que a serra do Montejunto.
Iremos concerteza tornar a ouvir o Karel quando ele
voltar das salas de Viena, Londres, Tóquio… Virá visitar-nos para tornar a
encantar com o seu virtuosismo então temperado com a maturidade que a vida lhe
há-de proporcionar.
Entretanto, e para quem não pôde estar em Pragança, aconselho
um salto a Praga em Novembro para, no Rudolfino, a melhor sala de concertos de
Praga e sede da orquestra filarmónica Checa, ouvirem o Karel tocar.
Muito bonito, parabens a esse jovem
ResponderEliminarAfinal não é só o ar da serra que faz bem , agora é também o som :)
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