segunda-feira, 26 de agosto de 2013

NA MORTE DE ANTÓNIO BORGES

A morte de António Borges revelou o que de pior há na sociedade portuguesa: a pulhice.
A pulhice dos que dizem horrores do homem e a pulhice dos que lhe descobrem virtudes de fazer os santos pecar de inveja. A ninguém vi discutir as suas ideias.
Desde monstro merecedor das piores torturas a santo predestinado que escapou milagrosamente a um acidente de avião (juro que é verdade), de tudo se escreveu.
Confesso que a figura não me era simpática, talvez por defeito meu, pois nunca li nem conheci nada de substantivo que pudesse fundamentar a antipatia. Mas do pouco que lhe ouvi, nada passou além do que vulgarmente se atribui ao senso comum, o que para afirmar o mérito de economista capaz de se guindar ao nobel, convenhamos que é pouco. Da hagiografia do senhor nada posso dizer e desconheço até se era cristão ou mesmo crente. No entanto penso que o que defendia, quanto à distribuição da riqueza, era tudo menos uma ideia cristã.
Se era sábio, desconheço, mas sei que lhe faltava a educação necessária para saber que quem sofre de fastio por excesso, não recomenda dietas aos outros.
Quando andou pelas bocas do mundo estava já doente e sabia-o. Calou-se para evitar simpatias expondo-se assim voluntariamente às críticas desapiedadas. Desse gesto e do seu sofrimento lembrar-se-á certamente o Juiz Supremo.
Que descanse em paz.


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