A morte de António Borges revelou o que de pior há na
sociedade portuguesa: a pulhice.
A pulhice dos que dizem horrores do homem e a pulhice
dos que lhe descobrem virtudes de fazer os santos pecar de inveja. A ninguém vi
discutir as suas ideias.
Desde monstro merecedor das piores torturas a santo predestinado
que escapou milagrosamente a um acidente de avião (juro que é verdade), de tudo
se escreveu.
Confesso que a figura não me era simpática, talvez
por defeito meu, pois nunca li nem conheci nada de substantivo que pudesse
fundamentar a antipatia. Mas do pouco que lhe ouvi, nada passou além do que
vulgarmente se atribui ao senso comum, o que para afirmar o mérito de
economista capaz de se guindar ao nobel, convenhamos que é pouco. Da hagiografia
do senhor nada posso dizer e desconheço até se era cristão ou mesmo crente. No
entanto penso que o que defendia, quanto à distribuição da riqueza, era tudo
menos uma ideia cristã.
Se era sábio, desconheço, mas sei que lhe faltava a
educação necessária para saber que quem sofre de fastio por excesso, não
recomenda dietas aos outros.
Quando andou pelas bocas do mundo estava já doente e
sabia-o. Calou-se para evitar simpatias expondo-se assim voluntariamente às
críticas desapiedadas. Desse gesto e do seu sofrimento lembrar-se-á certamente
o Juiz Supremo.
Que descanse em paz.
Onde é que coloco o "gosto"?!? :-)
ResponderEliminarO gosto fica bem em qualquer lado, J.F.Reis. Um abraço.
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