Gentil
Martins, reputado cirurgião, emitiu uma opinião disparatada, não muito
diferente daquela outra de Cunhal quando, referindo-se ao mesmo assunto, disse
ser “uma coisa muito triste”, o que ninguém diria quando toda a gente sabe que
o petit nom da “coisa” para um, e
“anomalia” para outro, é alegria (gay).
Que Gentil Martins não tenha tido tempo para uma instrução e cultura mais
clássica que lhe evidenciasse a normalidade da “anomalia” percebe-se, já
Cunhal, com uma preparação clássica notável, podia ter evitado a tristeza de
tamanha falta de conhecimento sobre os alegres prazeres dos deuses.
O que
também não se percebe é o ajuntar de lenha para os lados da Gago Coutinho
quando toda a gente sabe que os autos de fé se faziam no Rossio ou no Terreiro
do Paço.
A
opinião, mesmo que disparatada, julgo eu, ainda é livre, e parece-me anómalo alguém
andar à escolha de um sambenito para vestir ao gentil médico, quando se sabe
que a inquisição já acabou vai para dois séculos, e será difícil encontrar
exemplares nos armazéns da baixa, mesmo em época de saldos, e Santa Comba Dão fica fora de mão.
Imagem: bustos do imperador Adriano (um
dos melhores que Roma teve) e do seu amante Antinoo a quem Pessoa dedicou um
poema em inglês. No insuspeito? museu do Vaticano.
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