É verdade que em Outubro estive em Berlim e no dia
três foi feriado. Uma quinta-feira e porque o dia da reunificação da Alemanha
era importante, não se comemorou nem à sexta nem à segunda, mas no dia em que caiu
aquele três de Outubro, ao contrário do que nos querem impingir.
Discursos longos e entediantes, paradas militares com
capacetes pontiagudos brilhando ao sol frio de Outono? Não, que raio. Era o
três de Outubro, não o cinco. Em vez disso, palco enorme para concertos de
música popular escondendo a elegância clássica das portas de Brandeburgo. Ali,
juntinho ao Tiergarten, barracas de feira, mesas e bancos de pau, para que o
povo possa beber cerveja, comer pretzel, wurst e chucrute. Estava frio,
choveria, não choveria, que importa? Os feriados são da rua.
Na noite anterior, a Alexanderplatz transformou-se em
terreiro ao ar livre para uma inusitada Oktoberfest, com os rapazes vestindo os
tradicionais calções e as raparigas as blusas de manga curta desafiando o frio
e aquecendo-se com canecas de cerveja e jogos de força na feira. A longa fila
frente às casas de banho improvisadas asseguravam que a festa estava ao rubro.
Houve até quem se aproveitasse da circunstância para fazer “ponte”, um pecado
meridional.
Em Portugal o cinco de Outubro, dia da
fundação do reino de Portugal e da implantação desta república, deixou de ser
feriado mas não deixou de haver razões para o comemorar. Que diabo, calhou ao
Sábado. Uma barraquinha de caldo verde no Rossio vinha mesmo a calhar no frio
de Lisboa, e se ainda não havia vinho novo, bebessem o velho antes que
azedasse.
Em vez disso: solene e fúnebre
homenagem aos heróis da rotunda. Outros, preocupados com a vida, fizeram uma marcha
contra a morte dos fetos. Iniciativas louváveis mas que anteciparam o dia de
defuntos.
Quem não sabe comemorar feriados não os merece!
É só para dizer que concordo contigo, temos o que merecemos, caladinhos e bonitinhos.
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