Passeando pela blogosfera dei com uma adaptação de um
pequeno excerto de um auto de Gil Vicente que, de tão actual, me obrigou a
saber mais sobre o mesmo. O blog responsável é o “cinco dias” e o blogger
António Paço. Prestados deste modo os créditos devidos vamos ao auto.
Gil Vicente escreveu-o para festejar o nascimento de
um príncipe, D. Manuel filho de D. João III para cujo nascimento tinha também
escrito o famoso “Monólogo do vaqueiro”. Pai e filho tiveram, em vez de fadas
madrinhas, o mais lúcido e famoso dramaturgo português. Se lhes serviu de
alguma coisa não sei, mas nós ficámos com o olhar crítico e sarcástico do poeta
sobre todos nós porque esse olhar continua a fitar-nos para além do tempo. E o
que diz sobre nós o poeta no auto que intitulou de Lusitânia?
Aconselho-vos a ler o que diz pois está digitalizado
e disponível na net. Adiantarei somente que a 2ª parte relata o casamento da
ninfa Lusitânia, filha de uma rainha berbere e de uma criatura marinha, com o
cavaleiro grego chamado Portugal. Para estes eventos Lúcifer encarregou duas
personagens, Belzebu e Dinato, do relato de tudo quanto vissem. Deixo-vos com um
pequeno excerto desse relato escrito ontem, perdão, há 480 anos.
Ninguém – Que
andas tu hi buscando?
Todo
o Mundo – Mil cousas ando a buscar:
delas não posso
achar,
porém ando
porfiando,
por quão bom é
porfiar.
Ninguém – Como
hás nome cavaleiro?
Todo
o Mundo – Eu hei nome Todo o Mundo,
e meu tempo todo
inteiro
sempre é buscar
dinheiro,
e sempre nisto me
fundo.
Ninguém - Eu hei nome Ninguém,
e busco a Consciência.
Berzebu - Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.
Dinato - Que
escreverei, companheiro?
Berzebu - Que Ninguém busca consciência,
……………………
Não te enganaste não foi mesmo ontem que ele escreveu
ResponderEliminarConhecia-nos por dentro e por fora.
EliminarA louça velha ainda nos ensina cousas melhores que a mais fina loiça contemporanea.
ResponderEliminarNa loiça contemporânea já pouca finura existe.
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